sábado, 10 de abril de 2010

A MAGIA EM MEIO AS PAUTAS


Sim, mágicas realmente acontecem em meio a pautas. Certa vez, para completar uma pauta que falava sobre previdência privada, me dirigi à Praça do Ferreira para completar a matéria com uma sonora. Como todos sabem, a praça é um reduto de senhores aposentados que se esparramam pelos largos bancos de madeira. Ótimo lugar para conseguir minha sonora final. Mas como descobrir uma boa sonora no meio de tantos senhores? Bem, aí é que entra a mágica da história. Como se houvesse uma seta invisível apontando na direção, fui puxar conversa exatamente com um aposentado do INSS que também possui uma aposentadoria privada. E com ele pude terminar minha matéria. Repito: em meio a um público de uns cinqüenta e tantas pessoas que ali estavam, fui escolher exatamente um que compunha perfeita mente a minha história. Sorte para o bom repórter. Essa não a primeira e – graças a Deus – nem foi a última. A mais recente foi justamente hoje.
A pauta não era a mesma, é claro. O assunto: legalização do aborto no Brasil. O local: Maternidade Escola Assis Chateaubriand. A personagem: uma mãe recente de dois bebês gêmeos; dois meninos. É claro que eu a abordei – mais uma vez – em meio a tantas outras que lá estavam com o intuito de ouvir uma resposta contrária à prática. Afinal estávamos em uma maternidade, sinônimo de vida. E foi exatamente isso que eu ouvi. Ela, com um dos filhos nos braços, apontou veementemente que abortar era uma loucura, mais, era um crime, um assassinato tirara a vida de uma criança. Até, tudo muito normal e esperado. Mas depois, em off, ela começa a relatar que aos 19 anos (no momento ela tinha 22), praticara um aborto tomando remédio em sua própria casa. Moral e magia da história: acabei me deparando com uma sonora onde a entrevistada recriminava um ato que outrora ela cometera. As mesmas respostas para a pergunta “você é a favor/você é contra” o aborto eu encontrei em uma mãe que esperava alta em meio a dezenas, centenas de outras daquele grande hospital. É Deus ajudando o bom repórter.
Depois, na ida para outra pauta, comentava comigo o cinegrafista. “O que é a vida?” Se a jovem mãe tinha optado em tirar a vida do primeiro filho (o feto tinha três meses) e agora havia tido dois bebês, é como se o que havia sido morto tivesse voltado juntamente com o irmãozinho. Uma espécie de compensação. Doce mistério!

PS.: os bebês serão batizados com os nomes de Renan e René. Saúde aos dois!

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