sábado, 10 de abril de 2010

“Bota isso tudo no seu blog!”


Nunca tive a mínima vontade de, ao me formar em jornalismo, trabalhar em uma emissora de televisão. Primeiro, sempre achei que o verdadeiro “fazer jornalismo” estava na mídia escrita. As cabeças pensantes da imprensa que eu conheci através das minhas extensas leituras sempre foram do jornalismo impresso: Alberto Dinis, Mino Carta e Joel Silveira, para citar os principais. A TV, com toda a sua força mercadológica, de convencimento e de poder de fogo frente à população, nunca me seduziu. Hoje, para quem me acompanha neste blog sabe que paguei minha língua, apesar de ainda acreditar que as cabeças mais privilegiadas da imprensa estão mesmo no impresso. Todo este rodeio é para dizer que hoje, no horário do almoço, se concretizou para mim, mais uma vez, que o jornalismo feito na TV é de profissionalismo e muita, muita vaidade também. A nossa editora chefe, com larga experiência na profissão, não deixou nenhuma dúvida: há vaidade em excesso no telejornalismo. Na verdade, disso eu nunca duvidei. Mas como eu estava na faculdade e não tinha a vivência da prática, poderia estar errado. Em uma reunião informal ficou claro como água que ainda vou enfrentar muitos colegas que não caminham, mas flutuam, donos de um ego inflado como um balão de gás. É a imagem em detrimento da informação. Aparecer bem na telinha nem que seja para falar alguns blá-blá-blás. Quem perde com isso? Todos. Os profissionais sérios, que acabam sendo comparados com os “bonecos” e “bonecas” de porcelana que omitem um dado importante da matéria mas não esquecem a prancha no cabelo. Sim, é claro que a TV é imagem e o repórter faz parte dela, mas o que se vê por aí é muita carinha bonita mas pouco conteúdo, ou, como sentencia Mino Carta: pouca crítica, nada de fiscalização do poder e muito menos a busca incessante pela verdade. O jornalista é um prestador de serviço. O telespectador – ou leitor, ou ouvinte – quer a informação para com ela modificar o seu mundo ou sentir-se parte dele, entendê-lo mesmo. E atrás dos rostinhos delicados ainda estão os apadrinhamentos, os nepotismos, as seduções extracurriculares, etc, etc. Mais uma vez: e quem perde com isso? E de novo respondo: eu, você, toda a categoria dos “guttenberguianos”, o mercado tantas vezes provinciano e principalmente o cidadão. Por isso, quem deseja ir com seriedade para o mundo do telejornalismo pode se preparar, pegue sua capa de chuva e venha para se molhar.

ps.: minha colega, jornalista Alexandra Souza, uma das participantes da reunião, disse, com o dedo em riste: “Bota isso tudo no seu blog!”

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