segunda-feira, 20 de agosto de 2012


ENQUETE 19/08/2012

Quais as expectativas para o início do horário eleitoral?

Candidatos a prefeito e a vereador participam, a partir do próximo dia 21, do programa eleitoral gratuito e obrigatório de TV e rádio. Quais suas expectativas?
VALMIR PONTES FILHO
Advogado

Nada animadoras, em relação aos candidatos à Câmara Municipal. A falta de conhecimento, por grande parte deles, das verdadeiras competências constitucionais dos municípios, leva-os a fazer promessas mirabolantes. Seria ótimo se todos se preparassem sob competentes assessoramentos. Já quanto aos candidatos a prefeito, o que sinceramente espero é que prevaleçam os discursos propositivos, sérios, de quem tenha efetivo compromisso e comprovada relação histórica com a nossa cidade. As críticas, se feitas, que o sejam de forma respeitosa e pertinente à atuação partidária ou político-administrativa de cada um. Jamais as de natureza meramente pessoal. Finalmente, o que o eleitorado deve extrair dos discursos não é a eloquência verborrágica de quem disto eventualmente se valha, mas o conteúdo que eles contenham, em especial no que respeita à decência, à transparência e à ética, tanto pessoais como no trato da coisa pública.

LUCILI CORTEZ
Professora de Ciência Política da Uece e doutora em História

O horário eleitoral gratuito, da forma como tem sido apresentado, não tem possibilitado o maior conhecimento do eleitorado sobre os candidatos aos cargos a prefeito no próximo pleito eleitoral. A distribuição do tempo de acordo com a quantidade de alianças dos partidos políticos impossibilita o conhecimento das propostas, como também a rápida exposição de candidatos a vereador reduz o tempo disponível para discussão, sendo mais viável encontrar uma alternativa para esse tipo de campanha. Para ocorrer um real processo democrático e uma votação em que os eleitores possam escolher conscientemente seus representantes no Executivo e no Legislativo, deveria haver a previsão de tempo no horário eleitoral gratuito e obrigatório em que todos os candidatos a prefeito pudessem expor suas propostas para conhecimento dos eleitores, possibilitando uma votação consciente.

DANILO AMARAL
Jornalista com especialização em marketing político-eleitoral
É possível que nenhum eleitor – salvo os envolvidos em campanhas – esteja ansioso pelo início do horário eleitoral. A constatação vem de experiências passadas, ou seja, nada de novo há décadas. O mesmo formato, alguns efeitos de edição, promessas, piadas e ataques, sem falar nos candidatos que apostam nas performances bizarras. Então, o que pode fidelizar o eleitor, segurando-o sentadinho em seu sofá ou no fundo de sua rede diante do rádio e do televisor? Respondo com a palavrinha inovação. Quando peço inovação não é apenas na plasticidade do horário – bem-vinda! – digo da fala sincera e objetiva do postulante ao cargo de prefeito e vereador, sem projetos mirabolantes. Mesmo diante do crescente poder da web ainda é pela telinha e pelas ondas do rádio que o candidato pode criar uma atmosfera de “conversa ao pé do ouvido” com o cidadão. O novo eleitor não quer apenas ouvir; chegou a vez dele falar. Que os políticos saibam disso.

PRECILIANA MORAIS
Socióloga e professora da Universidade de Fortaleza

As expectativas vão além do horário eleitoral. A mídia, como veículo de grande inserção nos espaços privados, transmitirá para o público as propostas dos candidatos que corresponderão aos anseios e carências sociais. O desafio para cada um dos que pretendem governar a Cidade nos quatro anos é construir e manter a credibilidade do cidadão na política e no político. O que deveria estar junto – a política como vocação e a consciência do exercício parlamentar – mostra-se separado numa dinâmica orientada por interesses utilitaristas e, algumas vezes, exclusos. Nesse contexto, as expectativas direcionam-se para a exigência da práxis. Se existem propostas e compromissos de cada um que se arvora no campo político, por que não efetivá-los? Afinal, servir à população por meio da atividade política deveria ser uma honra, uma ação nobre, não uma carreira guiada por interesses individuais ou de grupos. As expectativas ainda são de esperanças.

EDUARDO GOMES
Sociólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba

A qualificação do horário eleitoral exige a apresentação e o debate de propostas para questões importantes e graves que afetam a cidade. Como efetivar uma reforma democrática da estrutura institucional da Prefeitura, possibilitando a participação da sociedade na formulação, execução e controle social das secretarias, políticas e orçamentos públicos? Como realizar uma interlocução democrática com os movimentos populares e com os servidores públicos? Como estruturar o planejamento urbano, através do Plano Diretor e do Instituto de Planejamento Urbano? Como viabilizar institucionalmente mecanismos de controle democrático da sociedade sobre os procedimentos e atos administrativos da área de planejamento urbano? São atos e procedimentos de fiscalização, autorização, construção, uso, tributação, e outros, que regulam a produção social do espaço urbano, e que são realizados sem nenhum grau de transparência pública ou controle social.

HÉBELY REBOUÇAS
Repórter do Núcleo de Conjuntura do O POVO
Quem gosta de política não vê a hora de a propaganda eleitoral na televisão começar, embora a expectativa seja de que, nos primeiros dias, o clima morno prevaleça. Não se esperam críticas duras à atual gestão em Fortaleza e aos adversários neste início da empreitada. Em geral, os candidatos sabem que é mais simpático apenas se apresentar, divulgar promessas e encher os olhos do eleitor com imagens bonitas, clipes bem elaborados, textos tocantes. Porém, uma hora bate o desespero – sobretudo porque, quando se der o start na propaganda, os candidatos começarão a se movimentar no ranking das pesquisas de intenção de voto. Caso Roberto Cláudio (PSB) não deslanche, não haverá saída a não ser exibir as mazelas de Fortaleza e atacar o candidato da continuidade da atual gestão, Elmano de Freitas (PT). Apesar da fase “paz e amor”, Moroni (DEM) também deve ir para cima, assim como Marcos Cals (PSDB), que não tem nada a perder.